domingo, 23 de setembro de 2012

E o debate prossegue...


E o debate prossegue...

A proximidade das eleições municipais está causando um natural acirramento das paixões e escolhas políticas. É normal, é necessário até, em face das consequências provocadas pelas escolhas. Neste debate, é importante respeitarmos a opinião alheia, até para que a nossa opinião, seja qual for, também mereça o respeito do outro. Devemos criticar as ideias alheias com argumentos fundamentados, e não com xingamentos vazios.

Os educadores de Minas não podem esquecer o que aconteceu no estado nas últimas duas décadas, pelo menos. TODOS, praticamente todos os nossos direitos foram cassados, confiscados, sonegados pelo grupo que se apoderou do aparelho de estado. Roubaram o nosso piso salarial enquanto vencimento básico, destruíram a nossa carreira, reduziram os índices de promoção e progresão - o que fizeram somente contra os educadores; congelaram a nossa carreira, e retiraram até mesmo gratificações como quinquênios, tudo isso somente contra os profissionais da Educação. O teto salarial de um professor com curso superior em Minas - ou com mestrado ou doutorado - é de dois salários mínimos, apenas, como salário total. Tenha este professor um dia de casa ou 15 anos, nada muda para este professor. Sem falar no desrespeito do governo com os profissionais que prestaram concurso público, que hoje estão perdendo vagas nas escolas por causa das mudanças de regras sem embasamento legal que o governo pratica ao sabor de interesses políticos eleitorais.

Volto a dizer aqui: não vale a pena ser professor do ensino básico em Minas e no Brasil. Não aconselho nenhum estudante universitário a seguir esta carreira, totalmente desvalorizada, destruída. A carreira do magistério, infelizmente, tornou-se sinônimo de salários de fome, péssimas condições de trabalho e desrespeito por parte dos governantes. Em Minas, por exemplo, o governo anunica nos sites oficiais e propaganda paga que o estado tem o melhor ensino do país. Um governo que não dialoga com os educadores, que colocou a tropa de choque para reprimir os profissionais da Educação durante a nossa greve de 112 dias; que cortou salários e colocou os funcionários de direção das escolas para perseguir os educadores; que praticou a substituiução indecente de professores por qualquer cidadão que se apresentasse na esquina, este mesmo governo vem agora se apresentar para a sociedade como sendo o responsável pela melhor Educação do Brasil. Que piada de mau gosto!

A população brasileira está a mercê de uma máfia midiática, a serviço de gangsteres com pompa de gente séria. O prato do dia agora é o mensalão, com um STF querendo parecer e aparecer para a sociedade como sendo independente - coisa que não é - e como se estivesse praticando justiça. Claro que não se pode desconhecer as práticas do tal esquema montado para comprar parlamentares. Mas, a pergunta é: e os outros? Isso só aconteceu com um grupo do PT? E o mensalão demotucano? E os mensalões que compram os deputados e os transformam em meros carneiros dos governos estaduais? E os mensalões da mídia mineira e brasileira, cujas verbas governamentais, milionárias, garantem a blindagem dos governos, e ditam a agenda desta mídia? Após a ditadura militar, que durou 21 anos - 1964 - 1985 - o Brasil continua submetido a outras formas de ditadura, tão perversas quanto, na medida em que se anuncia que vivemos em plena democracia. Nada mais ditatorial do que este processo eleitoral de cartas marcadas, quando o povo é chamado a escolher entre os menos piores. E às vezes, muito raramente, tem a oportunidade de escolher um candidato com hsitórico de vida ligado aos interesses e aos anseios dos oprimidos. Na cidade onde eu nasci e moro até hoje, por exemplo, não terei esta possibilidade.


E assim caminhamos, contra a corrente, procurando refletir criticamente o que acontece. Era para os educadores de Minas contribuírem com a derrota do faraó, seu afilhado e seus 51 deputados. Por que isso não acontece em grande escala? Talvez porque a nossa categoria tenha sido vítima de um longo processo de desorganização, de desmobilização, inclusive com o apoio da máquina sindical, controloda há 30 anos pelo mesmo grupo político que a utiliza em grande parte para fins partidários.

Oh, Minas, seu nome, por enquanto, não é liberdade... Assemelha-se mais, talvez, com mentira e vergonha!

Postado por Nelson Professor
Fonte: Blog do Euler