quinta-feira, 27 de outubro de 2011

INFORMATIVO



A diretoria Independência do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Monte Azul/MG, neste ato representado pelo Presidente do Conselho Diretor, senhor: Elson Ermógenes de Araújo, informa a todos servidores da educação que requereram seus contra cheques para entrar com a Ação de Cobrança dos 05 anos retroativos do 1/3 (terço de férias), favor comparecer pessoalmente na prefeitura a partir do dia 04 de Novembro (sexta-feira) para pegar seus contra cheques e entregar no Sindicato em frente a APAE. Agradecemos a compreensão do Sr. Prefeito: Alexandre Augusto e desde já, desejamos muito sucesso na sua administração. Servidores, a hora é essa, pois, quem não luta pelos seus direitos não é digno deles.

“A luta continua, sem medo de ser feliz”

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Na desqualificada Veja, mais um palpiteiro a serviço das elites

Aqui em Minas Gerais nós temos algumas entidades que existem para servir ao governo nos momentos das legítimas greves dos educadores. Uma delas é uma tal federação de pais de alunos, cujo chefe provavelmente nunca visitou 1% das 3.700 escolas espalhadas pelo estado. Perguntem aos pais de alunos, caros colegas professores, se eles já ouviram falar numa tal federação que só aparece durante as nossas greves para dar entrevista na mídia comprada contra os interesses dos educadores. E se eles foram alguma vez consultados sobre o que seria melhor para eles e seus filhos.

Mas, além dessas figuras que circulam a mando dos governantes regionais - figuras sem representação real alguma, mas que oferecem a cara de tacho para servirem aos poderosos -, temos também, no cenário nacional, figuras com aparência de refinamento, mas não menos canalhas do que as outras, que por serem simplórias, nós até entendemos, embora não concordemos. Para quem - como os educadores mineiros - está convivendo com a figura do substituto sem habilitação, não é difícil entender a existência de outros personagens que se prestem a qualquer serviço.

Não deveria perder meu precioso tempo livre analisando certas baboseiras que publicam sobre os educadores, a educação, os sindicatos, enfim. Mas, até para que essas concepções descoladas da nossa realidade concreta não proliferem, torna-se necessário dar essa pequena contribuição crítica, a denunciar o papel deseducador que certas publicações exercem.

Recentemente, na já manjadíssima revista Veja, conhecida pelo seu padrão editorial ultra-conservador, golpista e direitista (o pleonasmo aqui é inevitável), figurou, entre suas porcas páginas, nas quais não me atrevo a tocar, já há algum tempo, por razão de higiene - e por achar um desperdício e uma agressão à natureza se permitirem que derrubem árvores para produzir excrementos -, mais um artigo de ataque aos educadores.

O autor de tal artigo, um economista, que atende também pelo nome de Gustavo Ioschpe, filho bem nascido de banqueiro, rabiscou algumas mal traçadas linhas para tentar defender a tese de que as greves coordenadas pelos sindicatos dos educadores seriam prejudiciais à sociedade, pois os sindicatos estariam lutando apenas por interesses próprios, opostos aos dos alunos, pais de alunos, etc. Dizem que na revista, que eu recomendo que ninguém a assine ou compre, o tal artigo foi ilustrado com uma foto da nossa heroica greve de 112 dias. Nada mais impróprio!

Resisti o quanto pude a ler o referido artigo serviçal do pensamento neoliberal e a serviço dos governos, mas foram muitos os pedidos e tive que me dar ao trabalho, aborrecido, não nego, de achá-lo na Internet, neste endereço (http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/politica-cia/e-hora-de-peitar-os-sindicatos-de-professores-escreve-ioschpe/). E pior: tive que lê-lo - eis um sacrifício quase tão grande quanto sobreviver com os nossos contracheques zerados.

Confesso aos meus colegas de luta, turma de combate do NDG e demais colegas, que é difícil responder a um apanhado de frases sem qualquer fundamentação razoável, como a do tal articulista da infeliz revista. Ele começa comparando a luta dos educadores por melhores salários e condições de trabalho com a indústria de cigarros, tentando estabelecer um ridículo paralelo: quando se fala dos males cancerígenos causados pelo cigarro, todos sabem que a indústria defende o lado dela, em particular. Mais ou menos como se a nossa luta pelo piso, pelo tempo extraclasse, por exemplo, nada tivesse a ver com uma Educação pública de qualidade para o bem de todos, e fosse apenas do interesse privado dos educadores, ou do sindicato.

E nessa linha rebaixada o articulista desenvolve o seu péssimo texto, abordando os temas de forma superficial e irresponsável até, pois eu duvido que ele tenha pisado em alguma escola pública da periferia de qualquer grande centro urbano do país para falar sobre o tema. Vejam que pérola:

"Você deve achar que o país investe pouco em educação, que os professores são mal remunerados, que as salas de aula têm alunos demais, que os pais dos alunos pobres não cooperam, que deficiências nutritivas ou amorosas na tenra infância fazem com que grande parte do alunado seja “ineducável” e que parte do problema da nossa educação pode ser explicada pelo fato de que as elites não querem um povão instruído, pois aí começarão os questionamentos que destruirão as estruturas do poder exploratório dessas elites." - diz o articulista, para, em seguida completar:

"Não importa que todas essas crenças, exceto a última, sejam demonstravelmente falsas quando se cotejam décadas de estudos empíricos sobre o assunto (a última não resiste à lógica)." (grifos nossos)

Quer dizer então que décadas de estudos empíricos provam que:

a) nós não ganhamos baixos salários, devemos ser meramente uns insatisfeitos da vida. Nem vou falar dos nossos contracheques zerados deste e do próximo mês, porque aí seria uma apelação da minha parte. Basta falar da nossa reivindicação principal: um piso salarial de R$ 1.187,00 para uma jornada de até 40 horas de trabalho. De fato, este é um salário gigantesco, que nenhum de nós saberá como gastá-lo no dia em que os governos que financiam a revista Veja, o jornal Estado de Minas, a Rádio Itatiaia, a Rede Globo, e tantos outros, resolverem nos pagar esta altíssima remuneração. Agora, a pergunta que não quer calar: será que este sujeito tem a coragem de fazer como eu faço aqui, de exibir o contracheque publicamente, para mostrar quanto ele ganha para meter o bedelho em assunto que é sério, e deveria ser tratado com respeito, e não como ação de palpiteiro? Mas, como eu sou ingênuo! Quem disse que ele tem contracheque? Filho de banqueiro, estudou em duas universidades caríssimas no exterior, é fundador e presidente da G7 Investimentos, conselheiro da Iochpe-Maxion S.A. e Fundação Iochpe, etc., etc. Ou seja, é um "especialista" da educação, padrão rede Globo, que não deve ter contracheques, mas retiradas mensais superiores, cada qual, ao que um professor do Brasil real recebe em toda uma vida de dedicação ao ensino público;

b) salas superlotadas continuam uma realidade em várias escolas de Minas e do Brasil. Já lecionei para turmas com mais de 50 alunos, onde eu ficava espremido entre a lousa e as carteiras da frente dos alunos. Depoimentos semelhantes já foram dados aqui. E é muito comum, por economia porca por parte do estado, haver fusão de turmas quando numa ou noutra sala começa a ocorrer evasão de alunos no segundo semestre do ano. Mas, os "estudos empíricos de décadas" do nosso especialista dizem o contrário. Logo, a realidade fática não conta, o que conta mesmo são os estudos de "especialistas" escolhidos a dedo pelos governos, ou pelas secretarias de educação dos desgovernos;

c) quanto aos pais de alunos não cooperarem, claro que esta forma rebaixada de abordar o problema só poderia sair da boca, ou da pena, de uma pessoa que desconhece a realidade social em que vivemos. Boa parte dos pais de alunos não tem condição real para dar a devida atenção ao desempenho dos filhos nas escolas públicas; não que não queiram, mas por absoluta falta de tempo, pois trabalham o dia todo para garantir a sobrevivência da família; ou então porque eles não tiveram, na infância, a oportunidade de frequentar uma escola pública de qualidade. Contudo, a culpa não é desses pais, mas dos governos e das elites dominantes, que não investem na educação e preferem gastar rios de dinheiro com publicidade em revistas, jornais, rádios e TVs de baixa qualidade - que contratam "especialistas" para falarem mal dos professores -, do que investir seriamente na educação pública;

d) o país não investe pouco em educação pública - é o que diz o articulista-palpiteiro, fazendo referência a "estudos empíricos". Aliás, estes estudos me lembram um pouco uma fábrica poluente aqui da cidade onde eu moro, que contratava empresas para fazerem estudos comprovando que ela não tinha culpa pela poluição que causava. A culpa era do vento, que soprava na direção errada. Paguem um profissional sem caráter para fazer um estudo contra ou favor qualquer assunto e ele fará, sem dor na consciência. Então, o Brasil investe muito em educação básica, de acordo com o articulista. Ora, onde está este dinheiro, então? Se os educadores de Minas e do Brasil estão lutando e sofrendo para receberem um miserável piso salarial de R$ 1.187,00 e ainda assim não conseguiram, há que se perguntar: onde está o dinheiro deste alto investimento na Educação pública que não chega nas escolas e no bolso dos educadores? [Cairia bem aqui aquela música: "Onde está o dinheiro, o gato comeu, o gato comeu. E ninguém viu...."]. Se fosse consequente com a análise que ele faz, deveria dizer que os governantes deste país são corruptos e ladrões. Mas, o papel dele não é ir ao fundo nas análises, mas simplesmente lançar a desconfiança, tentar jogar os leitores incautos contra os legítimos movimentos dos educadores por salários mais justos, e consequentemente, por uma Educação pública de qualidade. O Brasil investe em torno de 5% do PIB, apenas, com toda a Educação pública. Este ano de 2011, o custo aluno ano foi de apenas R$ 1.750,00 para o FUNDEB - o que dá uma média de R$ 146,00 por mês por aluno. Apontem uma única escola privada que cobra esta mixaria de mensalidade dos seus alunos, garantindo com este recurso o pagamento dos educadores, as reforma das escolas, a aquisição de equipamentos, merenda, livros didáticos, etc. O estado investe muito pouco na educação pública - investe pouco e mal, pois são notórios os desvios realizados com as verbas da Saúde e da Educação -, e obviamente, este baixo investimento na Educação se deve sim à não priorização dessa área pelas elites dominantes. Por quê? Óbvio: essas elites não desejam, de maneira alguma, conviver com uma população dos de baixo com boa formação crítica, politizados e conscientes do protagonismo que devem assumir em relação à sua própria história.

Mais adiante - e eu não vou me dar ao trabalho de cansar ainda mais os nossos ilustres leitores - o articulista da tal revista lança a conhecida falácia neoliberal, segundo a qual, a qualidade da educação deve ser vista pelas lentes do mercado, pela competição individual entre os educadores, a tal meritocracia extremada, contra a qual, segundo o economista, o sindicato é um obstáculo. Em outras palavras: se não houvesse a luta coletiva, sindical, organizada, a qualidade do ensino seria melhor, pois os "bons" profissionais ganhariam mais, e os "vagabundos" (é este o termo que ele usa, talvez se olhando no espelho) receberiam menos. Mal sabe o palpiteiro, que a luta dos educadores tem se pautado pela defesa de salário justo para todos, mas também pela implementação de uma política séria de formação continuada e pela valorização do título acadêmico - o que não se conquista com vagabundagem, mas com estudo, com dedicação, com persistência. E que é justamente o estado que tenta dificultar esta luta, ao não remunerar adequadamente os educadores que alcançam novos títulos acadêmicos, ou ao não oferecer cursos de formação continuada, além dos péssimos salários praticados.

E para encerrar - porque meu estoque de paciência com tanta imbecilidade já começa a se esgotar neste final de noite - vejam esta outra pérola:

"Cada vez mais a pesquisa demonstra que aquilo que é bom para o aluno na verdade faz com que o professor tenha de trabalhar mais: passar mais dever de casa, mais testes, ocupar de forma mais criativa o tempo de sala de aula, aprofundar-se no assunto que leciona. E aquilo que é bom para o professor — aulas mais curtas, maior salário, mais férias, maior estabilidade no emprego, maior liberdade para montar seu plano de aulas e para faltar ao trabalho quando for necessário — é irrelevante ou até maléfico para o aprendizado dos alunos."

Vejam: "cada vez mais a pesquisa demonstra...". Pesquisa? Que pesquisa que demonstra essa imbecilidade? Se ele conhecesse um pouco a realidade das escolas e das nossas reivindicações, veria que o que queremos é bom para o aluno e para o professor, sem contradição alguma. Queremos sim mais tempo extraclasse, justamente para preparar melhor as nossas aulas - isto nada tem a ver com "aulas mais curtas"; queremos melhores condições de trabalho sim, com turmas menores, equipamentos, bibliotecas, salas de informática, para podermos ocupar com mais criatividade o tempo em sala de aula e fora dela também; e queremos autonomia sim, para discutir e preparar os conteúdos, considerando os contextos em que vivemos, e para realizar trabalho interdisciplinar, o que requer maior tempo extraclasse. Mas, para o infeliz articulista, nós estamos querendo é liberdade para faltar quando quisermos, ou para não trabalhar - novamente ele deve estar se mirando no espelho, claro. É outro que desconhece a realidade do magistério e a necessidade de haver mais tempo extraclasse para o melhor desempenho profissional em sala de aula. O que é bom para professores e alunos.

Enfim, trata-se de mais um texto sob encomenda, com citações de pesquisas descontextualizadas, de outros países, sem se dar ao trabalho de abordar de forma séria a dramática realidade da educação pública básica no Brasil. Mais um artigo sob encomenda a serviço dos governantes, como o de Minas e de tantos outros estados e municípios, que não cumpriram sequer a Lei do Piso - e cujo tema, responsável pela greves que ele critica, não foi mencionado sequer uma única vez no seu artigo.

Ora, as elites brasileiras estão realmente empobrecidas demais em matéria de críticos, pensadores ou "especialistas" em tentar justificar as suas políticas anti-povo. O nível de formulação destes articulistas prova que o Brasil precisa de fato de mais investimento na Educação. Inclusive para os especialistas-palpiteiros.


Fonte: Blog do Euler
Postado por: Nelson Professor

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O que os professores vão comemorar no próximo dia 15?


No dia 15 de outubro próximo comemora-se mais uma data alusiva ao professor. Teoricamente, deveria ser um dia de comemoração e confraternização por parte de todos os educadores do Brasil, que deveriam já estar recebendo o piso salarial nacional, confiantes de uma carreira que estaria vivendo um momento de valorização.

Contudo, a realidade é completamente oposta. Tomemos inicialmente o exemplo dos educadores do estado Minas Gerais, que em teoria está entre os três estados mais ricos da Federação. Para tentar garantir o cumprimento de uma Lei Federal - a Lei do Piso - os educadores mineiros tiveram (tivemos) que realizar uma heroica greve de 112 dias - e mesmo agora, quando a greve foi suspensa, o sindicato da categoria tenta negociar uma possível aplicação da lei federal.

Enquanto isso, os educadores mineiros que participaram da greve estão sendo castigados pelo governo de Minas com os contracheques zerados nos meses de outubro e de novembro, além dos cortes e redução de salários realizados nos meses de julho, agosto e setembro.

A máquina do estado, coordenada pelo governo mineiro e englobando a procuradoria geral da justiça, o judiciário, o legislativo e a grande mídia, realizou os mais sórdidos ataques aos educadores que lutaram pela aplicação de uma lei federal. Foram 112 dias de chantagens, ataques, ameaças, bombas de gás lacrimogênio, gás de pimenta, corte de salário, contracheque zerado, redução salarial; violenta campanha publicitária difamando os professores; covarde atuação da grande mídia, omissa e vendida; atuação pusilânime também da procuradoria geral da justiça, que ao invés de zelar pelo cumprimento da lei atuou como garoto de recado do governador; total omissão do poder legislativo, sempre pronto para servir ao governante de plantão em troca de favores políticos; além da ação da justiça sempre favorável ao governo.

Enquanto milhares de educadores deram uma verdadeira aula pública de cidadania, lutando corajosamente para defender direitos assegurados em lei - e para isso ocupando rodovias, realizando gigantescas passeatas, acampando na assembleia legislativa, acorrentando-se em diferentes pontos de Minas Gerais, realizando greve de fome, ocupando o plenaŕio da ALMG, e travando o bom combate em todas as frentes possíveis, inclusive na Internet, para quebrar o monopólio da mídia pró-governo -, do outro lado estavam as autoridades constituídas, dando o pior exemplo.

Ao invés de tentarem viabilizar o pagamento do piso salarial nacional, instituído por lei federal - evitando com isso a greve -, os chefes dos poderes constituídos tentaram destruir a carreira dos educadores, sonegar o pagamento do piso, cassar o direito de greve, e realizar as mais diferentes formas de crueldade e tortura contra os educadores.

Minas Gerais trouxe de volta, durante os 112 dias da heroica greve dos educadores que tiveram coragem de lutar - infelizmente, muitos se omitiram -, os piores momentos da recente história do Brasil, vividos durante a ditadura militar. Houve tortura psicológica, através de chantagens, pressões de diretores de escola a mando do governo, corte de salário e até mesmo tortura física, quando aconteceu a ocupação do plenário da ALMG e o ar condicionado foi ligado ao máximo, deixando os educadores durante um bom tempo submetidos ao ambiente congelado, sem água e sem direito ao uso do banheiro. Na então Praça da Liberdade - que tornara-se a Praça da Repressão -, no momento em que o governador e o senador candidato a presidência da República recebiam um seleto grupo de convidados, os educadores recebiam balas de borracha, bombas de gás lacrimogênio, gás de pimenta e cassetete. Foi uma expressão fiel do pensamento e da prática discriminatória e excludente da elite dominante brasileira em relação aos de baixo, aos trabalhadores que constroem o presente e o futuro deste país.

No próximo dia 15, os educadores de Minas passarão mais um dia do mês de outubro sem salário, tendo que lecionar e repor aulas sem qualquer meio de sobrevivência, pois o governo se negou a pagar o salário do mês de outubro, mesmo após um acordo assinado, que garantiu a suspensão da greve. Até mesmo a proposta de antecipação do 13º salário para este mês foi adiada para o dia 17, quando o governo de Minas poderá aceitar ou não tal proposta. E no mês de novembro novamente não haverá salário para os educadores, pois o governo impõe uma política de terrorismo psicológico, negando-se a pagar o mês corrente para intimidar os educadores, além de impor mais uma crueldade sobre aqueles que fizeram greve. São práticas características de crimes lesa-humanidade, uma vez que milhares de pessoas, que são arrimo de família têm sua fonte de subsistência cortada abrupta e sadicamente.

E para completar, ao mesmo tempo que o governo mineiro se recusa a pagar os salários de outubro e novembro aos educadores, mantém nas escolas milhares de substitutos - a maioria sem habilitação para lecionar -, que foram contratados durante a greve e que agora recebem salários sem nada fazerem nas escolas. Uma zombaria do governo, não apenas à educação e aos educadores, mas à sociedade mineira, que vem conhecendo a verdadeira face deste projeto neoliberal iniciado pelo governo do Faraó há oito anos e meio.

Por isso, no dia 15 de outubro, os educadores de Minas não têm nada para comemorar, pois continuam (continuamos) vítimas de políticas de confisco salarial, do chicote de capitães de mato travestidos (as) de secretárias de estado e diretores de escola, e da omissão e covardia dos demais poderes constituídos das três esferas da União Federal.

Mas, este não é um cenário exclusivo dos educadores mineiros. Em 2011, os educadores de quase todos os estados da federação entraram em greve para cobrar o cumprimento de uma lei federal - a Lei do Piso, aprovada em 2008 e tendo sido considerada constitucional pelo STF. Do Rio Grande do Sul ao Ceará, passando por Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Alagoas, Recife, Rio Grande do Norte, entre outros, o que se viu foi a realização de greves para cobrar direitos que deveriam ser garantidos pelos governos, sem a necessidade de uma paralisação. Mas, por toda parte, tanto os governos municipais (com raras exceções), quanto os governos estaduais e também o governo federal, apoiados pelas máquinas de estado (legislativos, judiciários, MP, mídia) trataram os educadores e a educação pública com total descaso.

Esperamos que neste dia 15 a presidenta da República e os governadores estaduais e prefeitos que nada fizeram para pagar o piso dos educadores, não tenham a cara de pau de realizarem discursos demagógicos em favor de uma Educação pública de qualidade e da valorização dos educadores, que não existem na prática. Pois, vocês se omitiram e continuam se omitindo covardemente. A presidenta Dilma esteve em Minas Gerais para ver as obras do Mineirão, em favor da Copa de 2014, em plena greve dos educadores e foi incapaz de tomar qualquer atitude. O mesmo se pode dizer em relação ao ex-presidente Lula, que cinicamente indagou ao atual ministro da educação: por qual motivo a lei do piso não estava sendo cumprida? Hipocrisia pura, pois a lei foi aprovada em 2008 e ele e o sr. Haddad nada fizeram para que naquele ano mesmo a Lei do Piso entrasse em vigor. Posição semelhante de omissão observa-se por parte do ex-governador de Minas e atual senador Aécio Neves, que passou os 112 dias de greve dos educadores sem dar uma palavra sequer sobre a realidade de miserabilidade dos educadores que ele deixou como legado em Minas Gerais - além da política de choque de confisco conduzida pelo atual governador.

Ou seja, estamos diante de governantes sem qualquer compromisso com os de baixo, com os sem-terra, com os sem-teto, com os educadores, com a Educação pública voltada para os filhos das famílias de trabalhadores de baixa renda; com a saúde pública, etc. Eles se preocupam com os seus interesses carreirísticos, com suas negociatas, com os patrocinadores de suas campanhas eleitorais - banqueiros, empreiteiros, agronegócio, multinacionais - e não estão nem aí para a grande maioria pobre da população. O máximo que já se permitiram conceder, das migalhas que caem da mesa da Casa Grande, foram programas como: bolsa-família, pró-Uni, e outros programas sociais, que embora sejam importantes, tocam superficialmente na dramática realidade de injustiça social, marcada por um profundo abismo entre os ricos e a maioria pobre, que se reproduz a cada ano.

Por isso, o dia 15 de outubro de 2011 é dia de luto para os educadores e para a Educação pública, em Minas Gerais e no Brasil. Coloquemos, neste dia, uma tarja preta nos nossos blogs, nas nossas vestimentas, no portão das nossas moradias, nas escolas, nas ruas e praças do Brasil. Nós, educadores do ensino público básico do Brasil, nada temos a comemorar no dia 15. A não ser, obviamente, a coragem de quem lutou e continua de pé, prontos para combater essas práticas nefastas que ainda compõem a dramática realidade de Minas, do Brasil e do mundo. A nossa luta é digna do orgulho e do melhor exemplo para todos; já a conduta dos governantes e seus comparsas, é digna do nosso ódio de classe, que vem se acumulando há séculos, contra estes que se apropriam dos poderes - e das riquezas sociais que produzimos - para massacrarem os seres humanos. Terão eles um dia que pagar por esta conta; por tudo o que fizeram e continuam fazendo contra os de baixo, incluindo os educadores.

Fonte: Blog do Euler
Postado por: Nelson Professor

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Professora é afastada após entrar em sala de aula com faca em Contagem


Professora é afastada após entrar em sala de aula com faca em Contagem Profissional faz tratamento contra depressão e teve crise nervosa após alunos dizerem que querem ser marginais


Cristiane Silva - Repórter
Publicação: 07/10/2011 14:48 Atualização: 07/10/2011 15:19
Uma professora de Filosofia de 25 anos teve uma crise nervosa e entrou na sala de aula com uma faca após uma discussão com alunos do Ensino Médio da Escola Estadual Mário Elias de Carvalho, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo a vice-diretora da instituição, Fernanda Figueiredo, o caso ocorreu na manhã de quinta-feira em uma turma do 1º ano. “Ela estava conversando com os alunos e pediu que eles dissessem o que querem fazer daqui a cinco anos. Eles responderam que queriam ser marginais e tirar sangue das pessoas. A professora foi até a cantina e pediu uma faca. A cantineira entregou sem saber o que ela ia fazer”, conta.

Conforme a vice-diretora, a professora não chegou a fazer ameaças. “Ela entrou na sala segurando a faca e questionou as respostas deles. Eu tomei a faca dela e, quando perguntei o que estava acontecendo, ela começou a rir”, explica Fernanda Figueiredo. A vice-diretora acionou a Polícia Militar e a professora foi levada para o Hospital Espírita André Luiz, no Bairro Betânia, em Belo Horizonte. Um boletim de ocorrência foi registrado.

Os familiares dela também foram chamados até a escola. “Eles contaram que ela está tratando uma depressão, nós não sabíamos. Ela tirou uma licença há três meses. Como é designada, a professora caiu no INSS, ficou sem receber salário durante dois meses e preferiu não tirar uma nova licença”, conta a vice-diretora. De acordo com Fernanda Figueiredo, a professora trabalha na escola há cinco anos e este seria um caso isolado. A profissional foi afastada do cargo por causa do tratamento. Ainda segundo a vice-diretora, a professora não foi internada no hospital por falta de leito e está sendo medicada em casa.

Fonte: Estado de Minas
Postado por: Nelson Professor

"Avisou, avisou, avisou: que vai rolar a greve, vai rolar, o povo do NDG mandou avisar....".




"Avisou, avisou, avisou: que vai rolar a greve, vai rolar, o povo do NDG mandou avisar....". Governo de Minas quer que educadores trabalhem sem salário; diretores e vices, para o governo, são pau mandados; categoria, tendo suspendido a greve, está indignada com o descaso do governo que não paga o piso, corta salário e reduz remuneração. A greve pode ser retomada e deflagrada a qualquer momento!

Enquanto o governo de Minas prepara mais um momento de espetáculo midiático, envolvendo a premiação de uma cantora popular - Ivete Sangalo -, os educadores amargam nas salas de aula com o descaso do governo para com seus legítimos pleitos. Após 112 dias de uma heroica greve, realizada para cobrar o cumprimento de uma lei federal - a lei do piso -, o governo de Minas parece não se importar com as consequências e perdas danosas e irreparáveis que está causando na vida de milhões de alunos, pais de alunos e educadores.

Além de toda a atuação nefasta e vergonhosa realizada pelo governo durante a nossa greve, mesmo após a suspensão da paralisação pela categoria, o governo mantém o seu arsenal de crueldade e tortura contra os educadores que participaram da greve. Em total afronta ao que se esperava das negociações com a comissão tripartite - parlamenteares, governo e sindicato -, criada após a suspensão da greve no dia 27 de setembro, o governo rejeitou as primeiras propostas feitas pelo sindicato.

Uma dessas propostas tem um conteúdo humanitário até, alimentar, de sobrevivência animal: que o governo pagasse o salário dos cortes realizados durante os meses de greve em caráter emergencial, já que em outubro e novembro os contracheques dos educadores estarão zerados. Como trabalhar, pagar transporte, comprar comida, comprar remédios, roupas, sem um único centavo no bolso?

Enquanto isso, o governo mantém nas escolas centenas de substitutos, contratados durante a greve para tentar minar o nosso movimento, e que agora passeiam pelo pátio, assistem a TVs e navegam na Internet o dia todo, enquanto os professores titulares trabalham em sala de aula, sem salário, humilhados, e com a redução ilegal aplicada pelo governo por ocasião da recusa dos educadores em permanecerem no sistema de subsídio.

Com estes atos o governo de Minas demonstra que continua não tendo respeito pelos educadores e pelos alunos, uma vez que a maioria dos substitutos que o governo contratou a toque de caixa, não possui sequer habilitação para lecionar. O governo está apostando na destruição da educação pública em Minas Gerais.

Controlando toda a máquina do estado - judiciário, legislativo, procuradoria da justiça, além da grande mídia, comprada a peso de ouro - o governo mineiro age de forma impune, como bem entende, ao arrepio das leis e com total desrespeito aos princípios constitucionais e republicanos. O governo fere de morte com suas ações a moralidade pública, a eficiência, a transparência, a impessoalidade e a razoabilidade.

Além de não aceitar a proposta de antecipar o pagamento da reposição por conta dos dias cortados durante a greve legal e legítima realizada pelos valentes educadores de Minas, o governo ainda se recusou a anular a exoneração de dois diretores e 30 vice-diretores que participaram da greve, alegando que perdeu a confiança nestes servidores. Ora, pensávamos que os diretores e vice-diretores eleitos tivessem que gozar da confiança da comunidade escolar, e não do governo. Isso põe a nu o caráter ditatorial que reina na Educação em Minas, em claro confronto com a LDB e demais leis educacionais, que apregoam a crescente autonomia e democratização da vida escolar.

Uma outra coisa que ficou clara nestes dias após a suspensão da greve é que o governo, mais uma vez, não cumpriu a sua palavra. Os educadores, num gesto de boa vontade e maturidade, aceitaram retornar ao trabalho, confiantes de que a comissão tripartite instalada funcionaria para valer, buscando superar os principais problemas e criar um ambiente sadio nas escolas.

Ao contrário disso, ao que tudo indica, o governo continua apostando no confronto para tentar esmagar e destruir o pouco que resta da Educação pública em Minas, hoje funcionando de mal a pior, dadas às diferentes realidades conflitantes criadas e alimentadas pelo governo de Minas.

É o caso sim, de pensarmos seriamente numa intervenção federal, pois as leis federais e estaduais não são cumpridas em Minas Gerais: a Lei do Piso não é cumprida, e o professor com ensino médio continua recebendo um vencimento inicial de R$ 369 reais - o pior do país; a Lei de Greve não é cumprida, pois o governo exonera funcionários, contrata substitutos sem formação adequada, ameaça, chantageia, usa dos mais diferentes expedientes, como o corte de salário e a pressão de diretores contra os educadores, em claro ato de tortura psicológica, e em plena vigência de uma greve legal; O governo mineiro não cumpre também as leis educacionais, não respeita a autonomia nas escolas e não existe democracia interna no ambiente escolar de Minas.

E considerando que os órgãos que poderiam e deveriam impor algum tipo de fiscalização e controle do Executivo - como o MPE, o legislativo e o judiciário -, agem quase sempre de acordo com a vontade do imperador, só mesmo uma intervenção externa, ou um levante interno da população, poderá colocar um freio nesta dramática realidade vivida em Minas Gerais.

Por isso, é hora de pensarmos seriamente no retorno à greve geral por tempo indeterminado. Houve um novo descumprimento de acordo por parte do governo. Além de não pagar o piso salarial nacional a que temos direito, o governo agora quer que trabalhemos sem salário, enquanto mantém substitutos com salários superiores aos nossos e sem nada a fazer nas escolas. Uma vergonha nacional!

Por isso, estou propondo e vou levar esta proposta para a reunião do dia 08 de outubro do Comando Estadual de Greve - e já convido a todos que puderem, que participem também desta reunião, que é dos delegados, mas é aberta aos educadores que queiram assistir e falar. Minha proposta:

1) que realizemos um dia de paralisação estadual com vigília no local onde será realizada a reunião da comissão tripartite - dia 10 de outubro;

2) que não façamos a reposição enquanto não for assegurada a antecipação de pelo menos um salário integral agora no mês de outubro e outro em novembro;

3) que seja realizada uma assembleia geral no dia 20, no pátio da ALMG, com indicativo de greve geral (nesta data e local está prevista a entrega de medalha dos dragões da inconfidência para a cantora Ivete Sangalo, com a provável presença do governador e até do padrinho dele);

4) que desde já iniciemos nas escolas um diálogo aberto com os alunos e os pais de alunos e colegas que não participaram da nossa heroica greve, mostrando-lhes que a Educação pública em Minas está ameaçada de morte, com o fim do nosso plano de carreira, o não pagamento do nosso piso, o corte do nosso direito de greve, a implantação definitiva da ditadura nas escolas - com os diretores funcionando como porrete do governador para perseguir educadores rebeldes; com o fim da possibilidade de uma educação pública de qualidade.

É uma causa nacional, que deve ser abraçada de vez pelos pais de alunos, pelos alunos e pelos verdadeiros educadores. É hora de mostrar a nossa união e coragem. Comecemos a organizar núcleos duros de apoio à greve nas escolas, composto por educadores, alunos e pais de alunos; organizemos o levantamento de fundos de greve para sustentar o nosso movimento; organizemos nossa rede apoio em toda a comunidade para fazer frente à máquina de moer gente do governo. Se recuarmos agora, não teremos força para impedir que o governo massacre o nosso movimento e faça o que bem entender conosco.

É hora de nos erguermos novamente, pessoal da luta, membros do NDG. Aproveitemos até o dia 20, para organizar e unir as nossas fileiras e vamos fazer o chão de Minas tremer novamente. Desta vez, talvez com mais força ainda, pois o governo de Minas está zombando da cara dos educadores, dos alunos e dos pais de alunos. Ele não quer criar um clima pacífico nas escolas. Quer impor a lei da chibata. E contra isso, devemos todos, por obrigação moral e por direito, resistir!

E se é o confronto que o governo de Minas quer, devemos cantar:

"Avisou, avisou, avisou... que vai rolar a greve, vai rolar, o povo do NDG mandou avisar..."

Um forte abraço a todos, força na luta, e estejamos prontos para o combate até a nossa vitória!


Fonte: Blog do Euler
Postado por: Nelson Professor

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

"Danos irreparáveis"

Por 112 dias toda a sociedade nos ouviu reivindicar um direito: o pagamento do Piso Salarial Profissional Nacional. Sempre argumentamos que uma remuneração digna impactaria diretamente na qualidade de ensino.
Após a reunião realizada nesta segunda-feira, não vou começar falando sobre o Piso. Quero falar da questão pedagógica porque ela refletirá melhor o que está acontecendo.
A categoria retornou à escola, após 112 dias de greve e encontrou pessoas, em sua maioria sem formação, realizando a sua substituição. Mesmo com a suspensão da greve, o Governo manteve os substitutos que serão remunerados com dinheiro público, mesmo sem ter função na escola, até dezembro de 2011. A Secretaria de Educação afirma que a orientação é para ajudarem em aulas de reforço. Mas estas pessoas estão na escola assistindo televisão, acessando sites, conversando, lendo jornal...
Quantas vezes discutimos a necessidade de ampliar o quadro da escola e o Governo alegando dificuldades financeiras não aceitou? Quantas vezes quisemos discutir a situação dos servidores em ajustamento funcional em que a Secretaria de Educação estava impondo funções além da sua restrição laboral e fomos ignorados? Quantos projetos a escola elaborou que dependiam de aumento do coletivo da escola e não foi autorizado? Quantas licenças médicas sem substituição por ausência de autorização da SEE ocorreram este ano?
É possível uma pessoa que não é professor, realizar um diagnóstico das dificuldades de aprendizagem e atuar no reforço do aprendizado sem planejar, sem interagir com o professor responsável pela disciplina, sem conhecer o projeto político pedagógico da escola?
Neste momento, as aberrações existentes na rede estadual demonstram que não há preocupação com a qualidade de ensino, porque em Minas Gerais não há projeto pedagógico, os profissionais da educação não são respeitados no seu cotidiano escolar.
Por quanto tempo os professores continuarão trabalhando em sala de aula uma jornada superior ao que determina a Lei Federal 11.738/08?
São estas práticas que trazem danos irreparáveis aos alunos da rede estadual?
Durante a greve a Secretaria de Estado da Educação emitiu orientações, resoluções e até apostila de perguntas e respostas sobre calendário de reposição. O ojetivo não foi preservar o direito do aluno mas tentar acabar com a greve. Um calendário de reposição só funciona quando ele é pactuado com as partes, inclusive com a participação de pais e alunos, o que não aconteceu. Ignorando a realidade, a decisão do calendário foi apenas da Secretaria. O autoritarismo com que tem sido tratada esta questão revela que novamente não há preocupação com o aluno, apenas um revanchismo para tentar punir uma categoria que se organizou. Não vai dar certo. Não há docilidade e pacificação no interior da escola mas muita indignação com tanto desrespeito.
Fonte: Blog da Beatriz Cerqueira - Presidente do SinDUTE-MG
Postado por: Nelson Professor.