sexta-feira, 7 de outubro de 2011

"Avisou, avisou, avisou: que vai rolar a greve, vai rolar, o povo do NDG mandou avisar....".




"Avisou, avisou, avisou: que vai rolar a greve, vai rolar, o povo do NDG mandou avisar....". Governo de Minas quer que educadores trabalhem sem salário; diretores e vices, para o governo, são pau mandados; categoria, tendo suspendido a greve, está indignada com o descaso do governo que não paga o piso, corta salário e reduz remuneração. A greve pode ser retomada e deflagrada a qualquer momento!

Enquanto o governo de Minas prepara mais um momento de espetáculo midiático, envolvendo a premiação de uma cantora popular - Ivete Sangalo -, os educadores amargam nas salas de aula com o descaso do governo para com seus legítimos pleitos. Após 112 dias de uma heroica greve, realizada para cobrar o cumprimento de uma lei federal - a lei do piso -, o governo de Minas parece não se importar com as consequências e perdas danosas e irreparáveis que está causando na vida de milhões de alunos, pais de alunos e educadores.

Além de toda a atuação nefasta e vergonhosa realizada pelo governo durante a nossa greve, mesmo após a suspensão da paralisação pela categoria, o governo mantém o seu arsenal de crueldade e tortura contra os educadores que participaram da greve. Em total afronta ao que se esperava das negociações com a comissão tripartite - parlamenteares, governo e sindicato -, criada após a suspensão da greve no dia 27 de setembro, o governo rejeitou as primeiras propostas feitas pelo sindicato.

Uma dessas propostas tem um conteúdo humanitário até, alimentar, de sobrevivência animal: que o governo pagasse o salário dos cortes realizados durante os meses de greve em caráter emergencial, já que em outubro e novembro os contracheques dos educadores estarão zerados. Como trabalhar, pagar transporte, comprar comida, comprar remédios, roupas, sem um único centavo no bolso?

Enquanto isso, o governo mantém nas escolas centenas de substitutos, contratados durante a greve para tentar minar o nosso movimento, e que agora passeiam pelo pátio, assistem a TVs e navegam na Internet o dia todo, enquanto os professores titulares trabalham em sala de aula, sem salário, humilhados, e com a redução ilegal aplicada pelo governo por ocasião da recusa dos educadores em permanecerem no sistema de subsídio.

Com estes atos o governo de Minas demonstra que continua não tendo respeito pelos educadores e pelos alunos, uma vez que a maioria dos substitutos que o governo contratou a toque de caixa, não possui sequer habilitação para lecionar. O governo está apostando na destruição da educação pública em Minas Gerais.

Controlando toda a máquina do estado - judiciário, legislativo, procuradoria da justiça, além da grande mídia, comprada a peso de ouro - o governo mineiro age de forma impune, como bem entende, ao arrepio das leis e com total desrespeito aos princípios constitucionais e republicanos. O governo fere de morte com suas ações a moralidade pública, a eficiência, a transparência, a impessoalidade e a razoabilidade.

Além de não aceitar a proposta de antecipar o pagamento da reposição por conta dos dias cortados durante a greve legal e legítima realizada pelos valentes educadores de Minas, o governo ainda se recusou a anular a exoneração de dois diretores e 30 vice-diretores que participaram da greve, alegando que perdeu a confiança nestes servidores. Ora, pensávamos que os diretores e vice-diretores eleitos tivessem que gozar da confiança da comunidade escolar, e não do governo. Isso põe a nu o caráter ditatorial que reina na Educação em Minas, em claro confronto com a LDB e demais leis educacionais, que apregoam a crescente autonomia e democratização da vida escolar.

Uma outra coisa que ficou clara nestes dias após a suspensão da greve é que o governo, mais uma vez, não cumpriu a sua palavra. Os educadores, num gesto de boa vontade e maturidade, aceitaram retornar ao trabalho, confiantes de que a comissão tripartite instalada funcionaria para valer, buscando superar os principais problemas e criar um ambiente sadio nas escolas.

Ao contrário disso, ao que tudo indica, o governo continua apostando no confronto para tentar esmagar e destruir o pouco que resta da Educação pública em Minas, hoje funcionando de mal a pior, dadas às diferentes realidades conflitantes criadas e alimentadas pelo governo de Minas.

É o caso sim, de pensarmos seriamente numa intervenção federal, pois as leis federais e estaduais não são cumpridas em Minas Gerais: a Lei do Piso não é cumprida, e o professor com ensino médio continua recebendo um vencimento inicial de R$ 369 reais - o pior do país; a Lei de Greve não é cumprida, pois o governo exonera funcionários, contrata substitutos sem formação adequada, ameaça, chantageia, usa dos mais diferentes expedientes, como o corte de salário e a pressão de diretores contra os educadores, em claro ato de tortura psicológica, e em plena vigência de uma greve legal; O governo mineiro não cumpre também as leis educacionais, não respeita a autonomia nas escolas e não existe democracia interna no ambiente escolar de Minas.

E considerando que os órgãos que poderiam e deveriam impor algum tipo de fiscalização e controle do Executivo - como o MPE, o legislativo e o judiciário -, agem quase sempre de acordo com a vontade do imperador, só mesmo uma intervenção externa, ou um levante interno da população, poderá colocar um freio nesta dramática realidade vivida em Minas Gerais.

Por isso, é hora de pensarmos seriamente no retorno à greve geral por tempo indeterminado. Houve um novo descumprimento de acordo por parte do governo. Além de não pagar o piso salarial nacional a que temos direito, o governo agora quer que trabalhemos sem salário, enquanto mantém substitutos com salários superiores aos nossos e sem nada a fazer nas escolas. Uma vergonha nacional!

Por isso, estou propondo e vou levar esta proposta para a reunião do dia 08 de outubro do Comando Estadual de Greve - e já convido a todos que puderem, que participem também desta reunião, que é dos delegados, mas é aberta aos educadores que queiram assistir e falar. Minha proposta:

1) que realizemos um dia de paralisação estadual com vigília no local onde será realizada a reunião da comissão tripartite - dia 10 de outubro;

2) que não façamos a reposição enquanto não for assegurada a antecipação de pelo menos um salário integral agora no mês de outubro e outro em novembro;

3) que seja realizada uma assembleia geral no dia 20, no pátio da ALMG, com indicativo de greve geral (nesta data e local está prevista a entrega de medalha dos dragões da inconfidência para a cantora Ivete Sangalo, com a provável presença do governador e até do padrinho dele);

4) que desde já iniciemos nas escolas um diálogo aberto com os alunos e os pais de alunos e colegas que não participaram da nossa heroica greve, mostrando-lhes que a Educação pública em Minas está ameaçada de morte, com o fim do nosso plano de carreira, o não pagamento do nosso piso, o corte do nosso direito de greve, a implantação definitiva da ditadura nas escolas - com os diretores funcionando como porrete do governador para perseguir educadores rebeldes; com o fim da possibilidade de uma educação pública de qualidade.

É uma causa nacional, que deve ser abraçada de vez pelos pais de alunos, pelos alunos e pelos verdadeiros educadores. É hora de mostrar a nossa união e coragem. Comecemos a organizar núcleos duros de apoio à greve nas escolas, composto por educadores, alunos e pais de alunos; organizemos o levantamento de fundos de greve para sustentar o nosso movimento; organizemos nossa rede apoio em toda a comunidade para fazer frente à máquina de moer gente do governo. Se recuarmos agora, não teremos força para impedir que o governo massacre o nosso movimento e faça o que bem entender conosco.

É hora de nos erguermos novamente, pessoal da luta, membros do NDG. Aproveitemos até o dia 20, para organizar e unir as nossas fileiras e vamos fazer o chão de Minas tremer novamente. Desta vez, talvez com mais força ainda, pois o governo de Minas está zombando da cara dos educadores, dos alunos e dos pais de alunos. Ele não quer criar um clima pacífico nas escolas. Quer impor a lei da chibata. E contra isso, devemos todos, por obrigação moral e por direito, resistir!

E se é o confronto que o governo de Minas quer, devemos cantar:

"Avisou, avisou, avisou... que vai rolar a greve, vai rolar, o povo do NDG mandou avisar..."

Um forte abraço a todos, força na luta, e estejamos prontos para o combate até a nossa vitória!


Fonte: Blog do Euler
Postado por: Nelson Professor

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